Projeto do Centro de Educação da UFSM reflete sobre a situação da violência nas escolas e busca ações efetivas para a mudança dessa realidade

Projeto do Centro de Educação da UFSM reflete sobre a situação da violência nas escolas e busca ações efetivas para a mudança dessa realidade

O projeto “VI SENAFE – Seminário Nacional de Filosofia e Educação Confluências e II SEINFE – Seminário Internacional de Filosofia e Educação Confluências” é coordenado pelo professor Dr. Amarildo Luiz Trevisan, do Departamento de Fundamentos da Educação – FUE e do Programa de Pós-Graduação em Educação – PPGE, do Centro de Educação da UFSM. O professor explica que o objetivo geral do projeto é:

– Refletir e congregar sobre pesquisas que abordem o tema da violência relacionado à educação, numa perspectiva ética, observando possíveis contribuições normativas e expressivas da filosofia da educação e de seu compromisso em pensar criticamente a atualidade, a partir de conceitos oriundos da relação entre escola, violência e ética;

Os objetivos específicos são:

  • Compreender como a temática da violência está presente no cotidiano das ações educativas da escola contemporânea e quais as possibilidades de enfrentamentos/resistências, a partir da aproximação entre a racionalidade e da historicidade, frente ao atual contexto sociocultural;
  • Oportunizar o intercâmbio e o debate de ideias sobre o tema do evento entre os pesquisadores, professores e alunos envolvidos, visando, por um lado, fortalecer seus projetos e grupos interinstitucionais de pesquisa e, por outro, firmar convênios nacionais e internacionais que desencadeiem ações cooperativas no campo da pesquisa, ensino e extensão;
  • Analisar a dinâmica atual que o conceito de formação assume, levando em consideração as profundas transformações que o sistema social vem passando no atual contexto, marcado pelo crescente aumento da violência e processo de colonização biopolítica da subjetividade;
  • Oferecer subsídios à reflexão da prática pedagógica de professores das redes públicas e particulares de ensino, no sentido de problematizar o significado da formação de professores em tempos de exceção normalizadora e de incisiva presença da violência nas escolas;
  • Proporcionar subsídios à elaboração de pesquisas de iniciação científica, dissertações e teses dos participantes do evento.

O professor Amarildo justifica o Seminário como um evento de promoção conjunta dos programas de Pós-graduação em Educação e programa de Pós-graduação em Filosofia, da UFSM, visando dar continuidade às discussões dos eventos anteriores e criar um novo espaço de interlocução. A realização do evento justifica-se, entre outros motivos, por: “Pretender envolver pesquisadores tanto da área de Filosofia quanto da Educação, preocupados com a intensificação do diálogo entre essas duas áreas do conhecimento, buscando impactar secundariamente na grande área das Ciências Humanas. Além disso, dispor de cuidados para que sejam apresentados trabalhos originais e com o rigor acadêmico compatível com a qualidade da produção acadêmica discente e docente em nível de Graduação e Pós-graduação. Ainda, pela crescente demanda trazida pelos professores sobre o tema da violência nas escolas e seu entorno, temática que vem ganhando cada vez mais visibilidade e atenção da parte dos profissionais que atuam nas escolas, bem como teóricos de diferentes áreas que estudam essa questão. Por fim, pela necessária colocação em pauta da questão das relações entre escola, violência e ética, essa última sendo forma e critério de referência em tempos de pós-verdade. O projeto se justifica também no atual cenário sócio-político-cultural que o país enfrenta, de popularização da barbárie e da biopolítica.

O VI SENAFE e o II SEINFE partem de uma experiência já consolidada em pesquisas distintas aprovadas pelo CNPQ e PIBID com pesquisa em andamento, integrando em seu desenvolvimento professores e estudantes de Graduação e Pós-graduação, assim como alunos de ensino médio e suas respectivas escolas. Os referidos projetos são:

1) “Violência na Educação: repressão, liberação ou ausência de limites?” – coordenado pelo prof. Dr. Amarildo Luiz Trevisan – PPGE – UFSM, projeto de pesquisa aprovado na chamada CNPQ n º 12/2016.

2) “Políticas Públicas para o ensino médio e ensino da Filosofia: uma análise dos discursos”, coordenado pela profa. Dra. Elizete Medianeira Tomazetti – PPGE – UFSM, projeto de pesquisa contemplado com a chamada: MCTI/CNPQ/universal 14/2014 – Faixa B.

3) “Programa Institucional de bolsa de iniciação à docência – PIBID/ UFSM”, coordenado pelo prof. Dr. Silvestre Grzibowski – PPGFIL – UFSM, projeto da área de Filosofia do Programa Institucional de bolsa de iniciação à docência UFSM, aprovado no edital PIBID nº 7/2018 com período de execução a partir de 01/08/2018;

4) “Hermenêutica Simbólica e Ética”, coordenado pelo prof. Dr. Noeli Dutra Rossatto – PPGFIL – UFSM.

O professor   Amarildo fala um pouco sobre a concepção e a evolução do Congresso que tomou forma internacional ao trazer pesquisadores de fora do país, com o intuito de ampliar e dar voz a outras realidades. Ele explica a intenção de discutir a atual situação de demanda da violência nas escolas à luz da Filosofia e da Educação, para que, através das teorias se possa buscar respostas no combate à violência que tem se tornando comum e até banal no cotidiano escolar. O professor reforça a tese de alguns pensadores que refletiram sobre estas questões no pós-guerra, tais como: Hanna Arendt (totalitarismo), Richard Bernstein (teoria crítica, filosofia social e política), Walter Benjamim (crítica da violência, falência do diálogo), entre outros. Segundo o Atlas da violência 2018, que traz o índice de homicídios praticados por regiões, os números de homicídios no Brasil é 30 vezes mais alto do que a taxa na Europa. Além de se relacionar ao estado atual de nossa sociedade, outro motivo para tratar a questão da violência pelo evento é sua relevância para o contexto brasileiro da educação, haja vista que, entre outras ocorrências, o Brasil é campeão mundial em violência nas escolas contra o professor. Além disso, informações do Relatório da Situação Global sobre Violência Escolar e Bullying da Unesco de 2015, que mede o percentual de alunos em escolas secundárias onde se relatou que o Bullying impediu o aprendizado dos alunos, e o Brasil está em 19º lugar entre todos os países do mundo com maior incidência de violência.

O VI SENAFE e o II SEINFE representam, assim, a possibilidade de troca de conhecimento e enriquecimento de saberes, no diálogo mais próximo e profícuo com os conferencistas, palestrantes e demais participantes sobre um tema que está interferindo de maneira direta na vida escolar, repensando-o na perspectiva da dimensão da ética. Do ponto de vista acadêmico, o evento pretende consolidar um conjunto de ações existentes entre os pesquisadores (conferencistas e palestrantes) e o público envolvido, resultando, sobretudo, em publicações coletivas, no fortalecimento das relações escola e universidade e também, das diversas redes de proteção contra a violência, no maior envolvimento de grupos de pesquisa que venham a debater o assunto e no incremento do intercâmbio acadêmico em âmbito nacional e internacional sobre o tema. O professor Amarildo ressalta que estudos sobre a violência tem mais vigor e debates em outras áreas, tais como a Psicologia, referindo-se ao comportamento humano e seus processos mentais, e na Sociologia, no que se refere ao comportamento humano em função do meio e os processos que interligam os indivíduos em grupos, associações e instituições. Na Filosofia e na Educação emergiu recentemente um diálogo mais incisivo sobre a violência e suas manifestações.

Este evento conta com o apoio financeiro do Programa de Pós-Graduação em Educação, PPGE-UFSM, e do Gabinete do Reitor, da Universidade Federal de Santa Maria; além disso, a parceria com a FATEC é fundamental para buscar subsídios para que o evento tenha legalidade e legitimidade, aos quais o professor Amarildo agradece profundamente pela compreensão e luta incansável para que o evento ocorresse no contexto de crise e corte de verbas das universidades públicas federais em que vivemos.

Kelly Martini – MTb 137.25
Assessora de Imprensa da FATEC

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