O Internato em Atenção Primária à Saúde no Curso de Medicina da UFSM: Contribuições Formacionais do Internato Regional

Entrada dos alunos do curso de Medicina em sala de aula – Centro de Ciências da Saúde – CCS – UFSM

O projeto “O Internato em Atenção Primária à Saúde no Curso de Medicina da UFSM: Contribuições Formacionais do Internato Regional” tem como coordenador o médico, professor Dr. Gilmor José Farenzena do Centro de Ciências da Saúde da UFSM. O projeto busca atender os objetivos de:

a) Incluir na formação do estudante de Medicina a possibilidade de relacionar os conhecimentos, habilidades e atitudes em situações da realidade de saúde e da assistência médica prestada à população ao nível da atenção primária a saúde;

b) Identificar espaços de assistência médica nos municípios da Macro Região Centro-Oeste do RS;

c) Construir parcerias da escola com as Secretarias de Saúde dos municípios e definir a interação institucional que traga benefícios mútuos;

d) Compilar dados de saúde e de atendimento das regiões em questão, buscando uma melhor compreensão do processo saúde-doença das populações;

O coordenador Gilmor explica que a justificativa do projeto está nas diretrizes curriculares nacionais (DCN, 2001; DCN 2014), para os cursos de graduação de Medicina que trazem a necessidade de formar um profissional generalista, humanista, crítico e reflexivo, com princípios éticos, no processo de saúde-doença em seus diferentes níveis de atenção, capaz de promover a saúde integral do ser humano.

Além das situações únicas de cada pessoa, na instância dos municípios e destas regiões, as situações de saúde no seu conjunto tomam feições próprias, diferentes das que se apresentam nos dados aglomerados no estado ou país, importante para vivência, percepção e treinamento do futuro médico.

O currículo do curso de Medicina versão 2004 e 2016 da UFSM propõe e busca construir seus processos de ensino-aprendizagem, com uma estrutura e cenários de prática que atendem estas diretrizes. Algumas escolas já têm experiência nesta interação com os serviços e comunidade há bastante tempo. O exemplo mais antigo no Brasil é da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG que há 30 anos oferece aos seus estudantes o chamado internato rural com rico material publicado. A cooperação entre a escola, os serviços e a comunidade é ponto central da filosofia pedagógica, porque é no convívio com a realidade social, através de uma prática de ensino em novos cenários e o trabalho com os problemas reais que coloca professores e estudantes em movimento, criando novos espaços para debate, estimulando a superação de dificuldades, além de oportunizar a responsabilização social. O trato direto com a comunidade, proporciona ao aluno a vivência, desde cedo, com as reais necessidades de saúde da população, o conhecimento das doenças prevalentes da comunidade e o trabalho com a atenção primária à saúde. Entende-se que práticas desse tipo correspondem a uma forma de reafirmar o contrato social entre a escola médica e a sociedade, assegurando maior grau de responsabilidade social e noção do mundo real nos futuros profissionais, esclarece o coordenador Gilmor.

O coordenador explica ainda que devido a atualização realizada, no ano de 2004 a grade curricular do curso de Medicina da UFSM já vem realizando estas ações de prática incisiva. Ele comenta também que já foram 16 cidades atendidas pelo projeto e que atualmente são quatro: Santa Maria, Itaara, Agudo e Alegrete, cidades inseridas na Macro Região Centro-Oeste do RS e que são atendidas pela 4ª Coordenadoria Regional de Saúde do RS. Os convênios são firmados com as prefeituras destas cidades para a realização das ações de Atenção Primária à Saúde, com o Sistema Único de Saúde – SUS. O professor explica que são enviados alunos às cidades e que estes são supervisionados, a cada dois meses, com emissão de relatório com pareceres sobre as atividades e os casos abordados. Mesmo o projeto existindo há 12 anos, estando a frente das diretrizes do Ministério da Educação e Cultura – MEC, percebe-se que muito ainda precisa avançar.  

O professor Gilmor explica que o projeto inicial ocorre desde outubro de 2007 e se renova a cada ano, adquirindo novos ares. “Foi em reunião com os gestores da saúde dos municípios em questão que se constatou que mesmo sem pretensão avançamos no sentido de que os alunos que atenderam nas cidades dos internatos, acabavam voltando à elas para trabalhar de forma definitiva, depois de formados”, comenta o professor. Então, mesmo sem querer foram sendo corrigidas lacunas da falta de profissionais que antes existiam naquelas localidades. Segundo o professor Gilmor em 80% dos casos de acolhimento e atendimento de pacientes na Atenção Básica de saúde são eficazes para que o problema não evolua para alta complexidade. Então, inserir estes alunos na realidade destas cidades é promover uma experiência ímpar bem mais abrangente e rica.

Para o professor coordenador a parceria que a FATEC promove junto ao projeto em última análise, é que o mesmo se desenvolva, possibilitando, nesses anos, que mais de 400 acadêmicos do curso de Medicina tivessem em seu processo de formação uma imersão em Atenção Primária à Saúde nos municípios inseridos no projeto. 

Kelly Martini – MTb 137.25
Assessora de Imprensa da FATEC

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